Apesar de postar neste blog diariamente assuntos informativos e troca de idéias sobre arquitetura e decoração de interiores me sinto no dever de divulgar a todos que acompanham este blog um manifesto que nós, arquitetos e urbanistas de Brasília estamos repassando para que os cidadãos de Brasília, do Brasil e do mundo tenham conhecimento do movimento contra a ampliação do gabarito (altura de edificações de 9,50 para 65 metros) da Quadra 901 do Setor de Grandes Áreás Norte (SGAN) de Brasília. O abaixo assinado anexo a este documento saiu do papel e em apenas uma semana recolheu mais de 130 assinaturas somente de profissionais de arquitetura e urbanismo, professores e entidades da área em Brasília. Foi um grande começo e está fazendo bastante barulho por aqui. O argumento usado pela Terracap (Companhia Imobiliária do Distrito Federal) é a ampliação do Setor Hoteleiro, enquanto sabemos que se trata de interesses diversos, entre eles o de angariar recursos para financiar as obras do superdimensionado Estádio Nacional Mané Garrincha para a Copa do Mundo de 2014. A todos que se identificam com nossa indignação peço que marquem o marcador do facebook na base deste post para compartilhar com seus amigos e ampliar o alcance deste manifesto. Muito obrigada a todos!!!
O objetivo ao repassar este documento, cuja versão compacta subscrevo na íntegra do post do blog do movimento (que podem acompanhar AQUI) é denúnciar a "iminente desfiguração e desvirtuamento do Plano Piloto de Brasília e solicitar seu empenho para, no âmbito de sua atuação, impedir a perpetração de mais um crime contra o Conjunto Urbanístico de Brasília, Patrimônio Cultural da Humanidade." (texto de encaminhamento do manifesto por e-mail)
(...) *Texto do Manifesto assinado por 134 Urbanistas de Brasília, a ser entregue por representantes do Movimento às Entidades representativas do Patrimônio, da Sociedade e do Governo. Este Manifesto se completa com o Documento Técnico postado do dia 13/09.
Os Arquitetos Urbanistas subscritos manifestam-se contra o parcelamento de solo proposto pela Terracap para a Quadra 901 do Setor de Grandes Áreas Norte (SGAN) de Brasília.
Trata-se da mais contundente agressão ao Plano Urbanístico do Plano Piloto de Brasília por meio da criação de lote com aproximadamente 85.000 m² a ser ocupado por edificações em altura destinadas a hotéis e outras atividades comerciais que por fim serão desvirtuadas para uso residencial como já ocorre no SHN, SCES e SHTN.

O projeto proposto promoverá a desfiguração da área central do Plano Piloto de Brasília ao quebrar a simetria entre os setores centrais sul e norte e ao extrapolar os limites geométricos do setor central norte por meio da ampliação do gabarito de 9,5 m para até 65 m e da alteração do uso de institucional para comercial de hospedagem na SGAN 901.

O perfil urbano homogêneo e de leitura clara é uma característica marcante da configuração do Plano Piloto, reflexo direto de sua natureza planejada. A implantação de edificações em altura na SGAN 901 rompe com as lógicas presentes no perfil longitudinal – constante no sentido norte / sul – e transversal – escalonado no sentido leste / oeste, mais alto no centro e gradativamente mais baixo nas bordas das Asas.
A ampliação do gabarito e a alteração de usos na SGAN 901 também trará sérios impactos ambientais causados pelo intenso adensamento da área, tais como saturação do sistema viário, aumento expressivo das demandas por energia elétrica e abastecimento de água, aumento da produção de efluentes e resíduos sólidos, aumento da impermeabilização do solo, entre outros.

A principal justificativa apresentada pelo GDF em defesa do projeto aqui questionado é um déficit de 10 mil leitos de hospedagem em Brasília para a Copa do Mundo de 2014. Contudo, são dados defendidos exclusivamente pela Secretaria de Turismo, sem comprovação por meio de estudos fundamentados. Esse déficit é veementemente contestado pela Associação Brasileira da Indústria Hoteleira no DF (ABIH/DF), o Sindicato de Hotéis, Restaurantes Bares e similares de Brasília (SINDHOBAR) e o Brasília e Região Conventions & Visitors Bureau, os quais afirmam, entre outros, que a cidade possui leitos de hospedagem suficientes em razão das características de ocupação dos hotéis da cidade, subutilizados na época da realização do evento (férias de julho).
A importância e os valores universais de Brasília, por simbolizar a capacidade de realização coletiva do povo brasileiro, por seu urbanismo inovador e pela qualidade de sua arquitetura, foram reconhecidos quando recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade concedido pela UNESCO. Esse importante status confere a Brasília especial proteção legal e exige que a conveniência de eventuais interferências seja estudada de forma criteriosa pelos órgãos com atribuições específicas de planejamento urbano e proteção do patrimônio cultural, de maneira a respeitar o espírito do projeto original.
Entretanto não é isso acontece nesse projeto proposto pela Terracap com o objetivo principal de angariar recursos para financiar as obras do superdimensionado Estádio Nacional Mané Garrincha. (...)
Muito obrigada a todos que se identificarem com esta causa contra mais um dano às nossas cidades causado pela especulação imobiliária e principalmente pela manutenção para nossas gerações futuras de mais um Patrimônio Cultural da Humanidade ameaçado.
Um grande abraço a todos e obrigada!!!
É isso aí Carla,
ResponderExcluirLutar pelo que se acha certo é essencial para a gente conseguir alguma coisa...
bjus
Paula Kasas
Com todo respeito ao manifesto, discordo de seus argumentos. De fato, não parece haver em Brasília qualquer défict na rede hoteleira. Entretanto, as entidades que se manifestaram por não haver o tal déficit são todas interessadas em que não se ampliem as vagas pois assim terão mais lucros. Nesse ponto o que deveria fazer é exigir que o governo criasse mecanismos para garantir que não houvesse o desvirtuamento da destinação da área. Quanto às questões ambientáis, elas existem em qualquer atividade humana, o que se deveria fazer é cobrar que hovesse medidas de forma a amenizar os impactos, limitando a área pavimentada, criando sistemas de reaproveitamento de águas, entre outros. As questões de transito realmente são relevantes. Mas não vejo como a criação do setor possa ser tão definitiva para a piora do transito. Setores hoteleiros não são tão intensivos em trânsito, basta observar os setores que já estão implantados. Se não fossem os comércios e escritórios não haveria qualquer problema com o trânsito no SHN e SHS. Acho que falei de tudo. Criticar é positivo, quando se critica corretamente. Mas quando a crítica nasce somente pela crítica, é melhor ficar calado.
ResponderExcluirRespondendo ao comentário "Anônimo" acredito que o fator mais relevante em todos os questionamentos em torno do manifesto seja especialmente a questão do gabarito e do impacto ambiental e não somente o do trânsito (leu todo o documento???). As participações de representantes do movimento nas reuniões já realizadas com o GDF e demais entidades envolvidas bem como a divulgação na íntegra do manifesto (inclusive em blog próprio) já configura uma crítica bem mais contundente que somente "pela crítica". Mas estamos em uma democracia, o comentário foi divulgado e o espaço a discursão permanece aberto.
ResponderExcluiroi Carla
ResponderExcluirbom inicio de semana atrasado.
querida fico feliz se minhas fotos servirem de inspiração para você,
então já que tem a inspiração ,
só falta botar a mão na massa.
baci
Carla..PARABENS!
ResponderExcluirSe deixar a cidade escurece, é engolida e mal tratada...